Brasileirinhos: A esperança no marasmo

O calendário está em junho. O dia cravado é o de número 12. Tradicionalmente, um dia especial e festivo para a comemoração dos namorados. Em contrapartida, esquecemos, assim como em todos os outros dias, pequenos brasileirinhos que são forçados a ceder sua força de trabalho em troca de quê? De nada. Na maioria dos casos, não há escola, investimento ou perspectiva de futuro. Devemos lembrar que este também é o “Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil”.

Costumeiramente, o trabalho infantil soa como um sinônimo de trabalho de jovens no campo. Terrível engano. O número de crianças e adolescentes que são obrigados a trabalhar nas cidades cresce cada vez mais, basta olharmos para o trabalho infantil doméstico, o trabalho nas ruas ou até mesmo jovens envolvidos com o tráfico de drogas.

De acordo com pesquisas realizadas pela OIT ( Organização Internacional do Trabalho), temos 215 milhões de crianças trabalhando no mundo. No Brasil, estima-se que cerca de 4,8 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, estejam trabalhando. As regiões Norte e Nordeste lideram os índices. Nenhuma surpresa.

Não é difícil apontar as principais causas do trabalho infantil. É de notório saber que a pobreza, a má distribuição de renda e a falta de um qualificado sistema de educação que possa abranger crianças oriundas de famílias carentes são os principais causadores de todo esse mal. Falando em renda, por muitas vezes, os jovens entram nesse trabalho para complementar a renda familiar. O que dificulta a denúncia, visto que “beneficia” os próprios familiares.

As conseqüências de todo esse mal vão além do que é imaginado. Os danos psíquicos e físicos são irreversíveis. Além disso, existe uma forte relação entre o trabalho e o baixo rendimento escolar. Difícil é conseguir se concentrar nos estudos após uma longa jornada de trabalho. Logo, a maioria desses brasileirinhos não chegará nem ao segundo grau e, assim, não possuirão qualificação suficiente para o competitivo mercado de trabalho.

O ingresso, a permanência e o sucesso de todas as crianças na escola têm que ser tratados como prioridade máxima. A sociedade tem um papel importante na denúncia desse crime. O treinamento técnico e profissionalizante de qualidade é a ferramenta chave neste processo. Enquanto voamos e viajamos livremente incentivados pelo capitalismo no dia dos namorados, milhões de brasileirinhos têm as próprias almas e sonhos algemados.