No alto dos meus 10 anos, eu era um garoto que não tinha muitos gostos. Sempre brincava de tudo como toda criança, mas existia um tal jogo que não me encantava como encantava os outros meninos. Era o famoso futebol. Não sei realmente o porquê, talvez por preguiça, talvez por desgosto de ver aqueles meninos todos correndo atrás de uma única bola. Situação mais idiota, para mim, não existia.
Mas com toda Copa do Mundo, vem aquele sentimento patriota que não sabemos de onde surge. Coreia do Sul e Japão pareciam cenários interessantes para o torneio. O Brasil todo preparou-se e enfeitou-se. Para ficar a par de toda essa alegria exagerada e para, quem sabe, me sentir um pouco mais brasileiro, resolvi acompanhar o tão comentado evento que pára o mundo.
Não conhecia muito do jogo. Da seleção brasileira, só a lembrança de poucos, entre eles, a de Ronaldo. O melhor jogador da Copa de 98 era impossível não reconhecer. Figura característica, careca, dentuço e com o número 9 estampado no peito. Aquele carioca parecia ser diferente dos outros dez, tinha um algo a mais, um brilho próprio. Pegava na bola, aquela coisa complexa de perfeita simetria e a transformava em algo simples, numa extensão de seu corpo, tal era a forma que a controlava. Passe, passe, drible, gol! O futebol tinha me capturado. É algo que não se explica, se sente. Aquilo me parecia tão divertido e ao mesmo tempo angustiante que táticas e regras nem importavam.
A mágica do jogo fluía, uns como Kahn e Hasan Sas eram ótimos, mas fenomenalmente incrível apenas um, aquele camisa 9. Os arqueiros de Turquia, China, Costa Rica, Bélgica e Alemanha não foram páreis para aquele que tinha a facilidade em achar o caminho do gol, o clímax de emoção, ápice da partida, e como não exaltar aquele que o fazia tantas vezes e tão bem. Ronaldo virou herói. Todo menino espelhava-se no careca, inclusive eu, todos queriam ser um fenômeno.
E assim nove anos se passaram, a lembrança de uma conquista agora distante ainda ferve o sangue e aquele que proporcionou tanta alegria se despede das quatro linhas. Aprendi a amar o futebol e a todo o seu polêmico universo, e muito disso se deve a Ronaldo. Numa despedida, dizer adeus soa tão triste, um até logo mostra-se suficiente. Que seu talento e simpatia sejam eternos.
Ronaldo na final da Copa do Mundo de 2002 |
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